(UMA PÁGINA DO DIÁRIO DE UM LOUCO)
Não sei por que dantesco desvario
Eriçava-me todo em volúpia e terror
Ante aquele punhal, que era o orgulho sombrio
Daquele velho colecionador!
Cintilante punhal de feitura bizarra,
Tendo estranha inscrição na folha aguda e forte,
Recordada à feição ferina de uma garra
Em tateios de morte!
Eriçava-me todo em volúpia e terror
Ante aquele punhal, que era o orgulho sombrio
Daquele velho colecionador!
Cintilante punhal de feitura bizarra,
Tendo estranha inscrição na folha aguda e forte,
Recordada à feição ferina de uma garra
Em tateios de morte!
Dançava no seu cabo de ébano labrado
Com embutidos de âmbar e marfim,
Um pesadelo de almas em pecado,
Na epilepsia do fim...
Com embutidos de âmbar e marfim,
Um pesadelo de almas em pecado,
Na epilepsia do fim...
E por entre essa turba atormentada,
Que se estorcia em contorções cruéis,
Longas serpentes de olhos de granada
Desenrolavam seus anéis.
Que se estorcia em contorções cruéis,
Longas serpentes de olhos de granada
Desenrolavam seus anéis.
Tinha aquele punhal precioso e flexível
Um nefasto poder, difícil de explicar,
Que acendia em meu sangue um desejo incoercível,
Que eu nunca tive, de matar!
Um nefasto poder, difícil de explicar,
Que acendia em meu sangue um desejo incoercível,
Que eu nunca tive, de matar!
Só de vê-lo sentia uma volúpia amarga,
E sem saber porque, num gesto maquinal,
A minha mão nervosa e larga
Apertava com febre o punho do punhal!
E sem saber porque, num gesto maquinal,
A minha mão nervosa e larga
Apertava com febre o punho do punhal!
Então, brandindo o fero coruscante,
Meu braço, como o braço do assassino,
Apunhalava, a esmo, o ar circundante,
Ferindo a própria sombra em desatino.
Meu braço, como o braço do assassino,
Apunhalava, a esmo, o ar circundante,
Ferindo a própria sombra em desatino.
Um dia — quando e como, é que não sei,
Por mais que me interrogue, acabado de dor, —
Despertei nesta cela. E dizem que matei
Aquele velho colecionador!...
Por mais que me interrogue, acabado de dor, —
Despertei nesta cela. E dizem que matei
Aquele velho colecionador!...
Sonia querida, quanta surpresa e alegria ao constatar aqui a homenagem que fazes ao sogro Theoderick. Parabens pela iniciativa. Não sei se sabes, Carmen detem muitas outras poesias inéditas do homenageado.
ResponderExcluirArtur Aguiar e Carmen Lenora
Obrigada! Sabe, ele foi o primeiro poeta que eu conheci em vida, depois, através dele, junto da Dona Gillete, conheci tantos outros nas homenagem que fomos juntas, por meio dele, conheci a Academia Brasileira de Letras. Uns anos atrás, eu fui em busca dos livros dele, só consegui fotografar um pequenino na Biblioteca Pública do Rio de Janeiro e conheci uma escritora que tem em seu poder um livro dele, o qual ela nem empresta, pois tem dedicatória pro pai dela, deviam ser amigos... mas, na minha memória, tem ele com suas estórias e histórias, rs... e sua aprovação sobre as minhas poesias. Imagino que ele ficaria feliz em saber que ainda me mantenho nessa árdua missão de publicar poesias, livros... E a Carmem poderia publicar novamente os livros dele. Vou escrever pra vocês. Mais uma vez, obrigada.
Excluir